2010-02-06

Pela minha palavra de honra

Li hoje a notícia de uma família que enterrou viva a filha de 16 anos porque esta desonrava a família ao ter amigos rapazes. Isto passou-se numa zona remota da Turquia, mas, pondo de lado o medievalismo, extremismo e desumanismo dos contornos deste caso, o contraste com a situação do nosso país faz-me sentir uma certa nostalgia de uma sociedade onde a honra ainda signifique alguma coisa.

Por estes dias, em Portugal, o que importa não é o que se fez, mas o que pode ser provado em tribunal. Usa-se a forma para fazer esquecer o conteúdo, como se pudéssemos eliminar da história algo que foi dito, só porque quem ouviu não tinha o direito de o fazer.

Como no chamado "caso Mário Crespo", em que aos relatos sobre os alegados insultos proferidos contra o jornalista num restaurante pelo primeiro-ministro, e em que alegadamente o director de informação da SIC foi aconselhado a resolver o problema que era Mário Crespo, o governo responde com assobios para o ar, e acusações a quem escuta conversas privadas tidas à mesa de um restaurante.
Nem uma palavra a negar que a conversa tenha realmente ocorrido e nos moldes relatados.
Será que, porque é "feio" ouvir as conversas dos outros, temos de esquecer que o governo alegadamente pressionou de forma inaceitável um órgão de comunicação social?!

E no caso das escutas do caso Apito Dourado? Eu, apesar de pela lei não ter direito de o fazer, ouvi as escutas que estavam disponibilizadas no You Tube. O facto de eu não ter o direito de as ouvir, faz com que aquelas conversas não tenham ocorrido?

É óbvio que não. Mas parece que apenas o que está nas provas aceites pelo tribunal é que é verdade, o resto são apenas calúnias...

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